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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Carta de despedida de Paulo Coelho para Raul Seixas



Essa é a carta que Paulo Coelho escreveu após a morte de Raul

Houve um tempo em que acreditar em sonhos era perigoso. 
Pois foi justamente nesta hora que toda uma geração resolveu sonhar, desafiando o perigo. 
E você não apenas viveu este sonho, mas quis contar como ele era. 
Você sabia que era preciso ser persistente para sonhar; e por causa disto, largou tudo e veio para o Rio.
Construiu sua carreira de produtor musical, e podia ter vivido o resto de sua vida assim.
Mas o segredo dos vencedores é, justamente, começar de novo. 
O trono do apartamento, a boca escancarada cheia de dentes...não significava mais nada.
E novamente você largou tudo, porque sabia que os sonhos mostram horizontes infinitos. 
Você sabia que era preciso ser romântico, para sonhar. 
E eu o vi esperando uma pedra crescer em Dias D´Avila, conversando com os bêbados em New York, tocando violão numa avenida deserta de Brasília.
Você sabia que era preciso não ter limites, para sonhar.
E eu o vi caminhando por lugares onde outros tinham medo, correndo riscos - embora muitas vezes os lugares fossem escuros demais - e pagando, sem reclamar, o preço da ousadia. 
Você sabia que era preciso ser louco para sonhar. 
E eu o vi em Memphis, subindo num palco e cantando para Jerry Lewis. 
Vi tocando o apartamento do John Lennon, com a mais absoluta certeza que ele iria nos atender.
"São Paulo dizia que era preciso ser louco, para se tornar sábio", era o seu comentário. 
Você sabia que sonho que se sonha junto é realidade, e dividiu tudo isso, para que as pessoas nunca desistissem de sonhar.

Paulo Coelho

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