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sábado, 3 de dezembro de 2011

Oração sem nome



Oração encontrada no bolso de um soldado desconhecido, morto em campo de batalha


Escuta Deus: jamais falei contigo; hoje quero saudar-te: bom dia, como vais?
Sabes? Disseram que tu não existes e eu, tolo, acreditei que era verdade. 
Nunca havia reparado a Tua Obra; ontem a noite, da trincheira rasgada por granadas, vi o teu céu estrelado e compreendi, então, que me enganaram! 
Não sei se apertarás a minha mão; vou te explicar e hás de compreeender. 
É engraçado! Neste inferno hediondo, achei a luz para enxergar o teu rosto – dito isto, já não tenho muita coisa a te contar...só que...tenho muito prazer em te conhecer. 
Faremos um ataque a meia noite; não sinto medo, Deus, sei que tu velas! 
Há...é o clarim! 
Bom Deus, devo-me ir embora. 
Gostei de ti, vou ter saudade... 
Quero dizer...será cruenta a luta, bem o sabes e esta noite, pode ser que eu vá bater à sua porta!
Muito amigos não fomos é verdade...mas sim, estou chorando! 
Vês, Deus, tenho que ir...sorte é coisa bem rara, 
Juro porém: já não receio a morte!


O autor deste poema? Quem o sabe? Foi encontrado em pleno campo de batalha no bolso de um soldado americano desconhecido. Do rapaz, estraçalhado por uma granada, restaria apenas intacta esta folha de papel.

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